"Thriller", de Michael Jackson completa três décadas

01/11/2012 07:18

Trinta, mas com corpinho de 20. Três décadas após o lançamento, "Thriller" de Michael Jackson continua mais jovem do que nunca. Depois dele a indústria da música nunca mais seria a mesma. Considerado uma pérola da cultura pop, é o álbum mais vendido do planeta, mais de 170 milhões de copias. Certamente também é o mais ouvido.

Infeliz e inconformado, apesar do desempenho de seu disco anterior, "Off The Wall", de 1979, que até então havia vendido 20 milhões de cópias em todo o mundo, Michael queria mais, muito mais. E conseguiu. Logo após o lançamento, em 30 de novembro de 1983, "Thriller" abocanhou o dobro: 40 milhões de discos comercializados, disparando nas listas dos mais vendidos.

“Vendia um milhão de cópias por semana durante a primeira metade de 1983”, escreve o editor musical da publicação londrina "Time Out", John Lewis, no livro 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer (Editora Sextante, 962 págs.). 

Misturando diferentes sonoridades, como soul, pop, rock, r&b, gritinhos hipercinéticos e um jeito todo único de dançar, em que usa mais os pés, Michael Jackson, com "Thriller", elevou-se a condição de maior pop star de todos os tempos. Virou mania. Por todos os cantos alguém o imitava.

Em "Thriller", segundo Lewis, não há uma única nota fora do lugar. “É um pop refinado ao limite, durante meses, por magos do estúdio usando os melhores músicos e a melhor tecnologia.” Um exemplo da superprodução dedicada ao álbum é a faixa "Beat It". Um funk-rock envolvente, com solo de Eddie Van Halen, da banda Van Halen, montada a partir de 50 gravações.

Impossível também não citar "Billie Jean". Apesar da letra extremamente tosca, é um dos maiores sucessos do disco. Mais ou menos, o fato é que todas as faixas foram sucesso de público e de crítica. O disco impressionou até o virtuose do jazz, Miles Davis, que regravou anos depois a balada "Human Nature".  

Para o bem e para o mal, no talento e nas bizarrices, os superlativos na vida e na obra de Michael Jackson, a partir de "Thriller", se tornaram uma constante. O álbum levou nada mais nada menos que sete prêmios Grammy, em 1984, e teve a vendagem recorde destacada no Guinness Book.

Poucos meses depois do lançamento do disco, a faixa-título foi parar no primeiro clipe de 14 minutos da história da música. Esnobe (e milionário) como nunca, Michael, com um orçamento de mais de meio milhão de dólares, chamou o diretor de Hollywood, John Landis ("Um Lobisomem Americano em Londres"). O diretor ampliou em alguns decibéis o sucesso de "Thriller" com uma caricatura dos filmes de zumbi que pipocavam na época.

A MTV também virou de cabeça para baixo. Michael foi o primeiro negro a ter destaque no canal. “Para atender a demanda, ia ao ar duas vezes por hora”, conta a jornalista de música Gerry Kiernan, no recém-lançado "1001 Músicas Para Ouvir Antes de Morrer" (Editora Sextante, 962 págs.).

Não deu outra, o clipe foi classificado pelo Guinness como o de maior sucesso de todos os tempos. “O casamento do tema pegajoso com efeitos kitsch era coroado com um rap do veterano dos filmes de horror Vincent Price”, acrescenta a jornalista.

Infelizmente, não muito depois, o artista entrou numa montanha-russa de problemas, com processos por acusação de abuso infantil e polêmicas devido às transformações na aparência, imbróglios que se estenderam até a morte polêmica e controversa, em 2009.  

Outros trintões da pesada

O trio cult americano de Milwaulke, Violent Femmes lançou seu primeiro disco, "Violent Femmes", no mesmo mês e ano de "Thriller". Mas as semelhanças com o mundo encantado de Michael Jackson encerram-se aí. A banda demorou (e muito) até vender um milhão de cópias – e faturar um Disco de Ouro – oito anos, pra ser exato.

Pra piorar, por um longo período também não entrou dinheiro. Não podia ser diferente. O grupo tocava na rua quando foi contratado pelo selo Slash por simbólicos US$ 50. Mas os garotos do Violent Femme não estavam nem aí. Procuravam a verdadeira essência do rock, “a emoção em estado bruto”, afirmou o baterista Victor de Lorenzo, em 1983.  O resultado é uma mistura refinada de punk, folk e country.

Outro trintão da pesada é o "Plastic Surgery Disasters", da banda Dead Kennedys. Nesse disco curioso, a banda experimenta um tempero inusitado, recheado com outros ritmos e sonoridades. Surf rock, guitarras psicodélicas e trilhas de filmes de faroeste são adicionados ao tradicional hardcore punk.

Pra combinar, uma foto (de Michael Wells) pra lá de esquisita ilustra a capa. Uma mão esquelética, de uma criança negra às mínguas em cima da mão de um homem.

Também faz aniversario esse mês o assombrado "Speak of the Devil", do celebre comedor de morcegos e galinhas, Ozzy Osbourne. O disco prometia canções inéditas, mas com a morte do guitarrista Randy Rhoads, Ozzy assume o instrumento e faz um "repeteco" do Black Sabath, "em homenagem ao amigo que se foi", justifica.

"Coda", da banda inglesa Led Zeppelin, embora tenha sido lançado após o fim do grupo, em 1980, traz versões inéditas e sobras de estúdio que valem festa.

Detonado pela crítica na época, "Gone Troppo", do ex-beatle, George Harrinson, é hoje considerado por alguns o melhor disco do artista.

Amigo de Harrison (com quem faria parcerias no futuro), Tom Petty também lançou, com o Hertbreakers, seu 'Long After Dark".

Enfim, a lista de aniversariantes não é pequena. Vários outros discos lançados em 1983, injustamente excluídos desta breve lista, poderiam ser citados. Alguns de artistas que já se foram, outros que não estão mais na ativa, além de outra parcela ainda firme na estrada. Comum a todos eles, o sucesso, que só comprova que envelhecer pode não ser um mau negócio.

FONTE: UOL MÚSICA (CLIQUE AQUI para redirecionar)