Elton John testa novo Mineirão para shows e mostra que é o craque do rock de arena

11/03/2013 08:30

Elton John apresentou o show da turnê "40th anniversary of the Rocket Man"

no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte

De futebol, Elton John entende. Gosta tanto do esporte que já foi presidente de um time, o Watford --hoje na segunda divisão inglesa, mas com chances de subir. A grande questão deste sábado (9) era saber se um dos principais palcos do esporte no Brasil, o Mineirão, em Belo Horizonte, iria entender a grandeza do show do pianista britânico.

O Mineirão hoje não é o mesmo que foi inaugurado em setembro de 1965. Depois de uma longa reforma para a Copa do Mundo de 2014, o estádio é novidade para boa parte do público que estava presente no show. Esteticamente, a aprovação foi geral: a área que antes servia de estacionamento foi substituída por uma esplanada, carinhosamente chamada de "cimentão" pelos frequentadores, e foi a porta de entrada para o público --estimado em 40 mil ingressos vendidos, mas que dentro do estádio, visivelmente, foi inferior a isso. Um público de oitavas de final.

Se sua reinauguração para o futebol no último dia 3 de fevereiro foi caótica, em um jogo entre Cruzeiro e Atlético, o evento desta noite manteve alguns problemas: três horas antes do show boa parte dos banheiros externos estavam abertos, mas eram usados de forma mista, por homens e mulheres, sem sabonete, papel e água. Nos bares internos faltou alimentação durante os momentos finais do show, e houve reclamações sobre o som que chegava nas arquibancadas.

O maior problema apontado pelo público, no entanto, foram as filas para entrar. Marcos Ribas, de 42 anos, veio de Itabira, no interior do estado, e reclamou da demora para abrir os portões. "Chegamos às 18h30 e o portão só abriu às 20h", contou ele, que estava acompanhado de um grupo de sete pessoas. Normando Marcos, 57, fã do músico desde os anos 70, fez coro sobre a espera na fila. "O estádio está belíssimo por fora, mas estou há mais de uma hora esperando para entrar". Ana Maria Salomão, 63, lamentou a desorganização na entrada, justificando com várias pessoas furando filas.

Mas pontos positivos também foram notados. Quem escolheu ir na pista comum --mais vazia, ao contrário da arquibancada e das cadeiras especiais-- enfrentou menos tempo na fila, como Patrícia Ferreira, 33, que às 20h30 já estava colada na grade. O novo estacionamento estava bem sinalizado e com vagas disponíveis, e existiam elevadores e acessos para cadeirantes.

Um clássico no palco dos clássicos

Hoje, às vésperas de seu aniversário de 70 anos, Elton John é um clássico. Nada mais adequado do que cruzeirenses, atleticanos e americanos o receberem pela primeira vez em Belo Horizonte no palco do Mineirão. O show começou na hora marcada com "The Bitch is Back". Na primeira e inspirada seqüência, ele elevou a temperatura do estádio com pérolas como "Benny And The Jets", "Levon" e "Tiny Dancer" --esta última simpaticamente dedicada a uma fã aniversariante na platéia.

Provou que sua banda de apoio realmente serve como ajuda apenas: o show é dele, mestre no piano e cantando impressionantemente bem. Elton John emendou sucessos sem pausa: das agitadas "Philadelphia Freedom" e "Hey Ahab" até suas baladas, notadamente a preferência do público, como "Candle In The Wind", "Goodbye Yellow Brick Road", " I Guesse That's Why They Call It The Blues" e "The One", sintomaticamente seu único momento sozinho no palco.

Elton John é um dos maiores craques do chamado rock de arena. A figura do artista, fantasiado e sentado ao piano, de frente a milhares de pessoas, é seguramente um dos cartões postais da década. É irresistível traçar paralelos entre a música da época e a trajetória pessoal do músico: um garoto tímido e talentoso de Pinner, na Inglaterra, que se mudou para Los Angeles e alcançou um sucesso sem precedentes.

Ele sucumbiu a todos os excessos da época, mas sobreviveu ao vício da cocaína, às orgias gastronômicas e sexuais, ao mercado pop cruel e novidadeiro. A partir dos anos 90 ressurgiu condecorado como Sir pela realeza inglesa e como mestre absoluto e reconhecido pelo público. Culpa de bons trabalhos, boas ações e de seu repertório que não parece envelhecer ou cansar.

FONTE: UOL MÚSICA (CLIQUE AQUI para redirecionar)